Bragança cria rede de proteção escolar e debate ações para coibir atos de violência
Linha direta com serviços de segurança pública vai reunir gestores de escolas públicas e privadas e forças policiais por canal no WhatsApp
Gestores de escolas públicas e particulares de Bragança (PA) se reuniram, na tarde desta terça-feira (4), para discutir medidas de prevenção a atos de violência em escolas. A reunião, no auditório do IFPA, foi convocada pelo comando da Polícia Militar na região um dia depois que mensagens com ameaças de ataque a duas escolas estaduais na cidade circularam em grupos de mensagens.
Entre as medidas anunciadas estão a aquisição pela Prefeitura de 200 detectores de metal, a criação de planos de ação para situações de emergência e o reforço no serviço de rondas escolares, que ganhará um aliado importante: uma linha direta entre as escolas e os serviços de segurança pública.
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A proposta de reunir em um grupo de WhatsApp os diretores das escolas partiu do comando da PM em Bragança. O objetivo, segundo o tenente-coronel Mário André Gomes de Lima, comandante do 33º Batalhão, é agilizar o atendimento a situações de risco potencial nas escolas ou imediações e permitir o contato direto dos gestores com as forças policiais. O oficial se comprometeu a intensificar a ronda escolar, feita por moto-patrulhamento, e incluir no serviço as creches municipais.
Também participaram da reunião representantes da Polícia Civil, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros Militar, da 1ª Unidade Regional de Educação (URE) e das secretarias municipais de educação de Bragança e Tracuateua.
Além da criação do grupo com os gestores, o comando da PM enfatizou a necessidade de que cada escola articule internamente medidas preventivas, que vão do contato direto com os pais ao treinamento dos agentes de portaria, até a criação de planos de ação para situações de emergência adequados à realidade de cada escola.
“Precisamos tomar medidas que possam prevenir que esse tipo de situação aconteça em nossas escolas. E ao mesmo tempo planejar o que fazer se casos como esse ocorrerem”, explicou o tenente Alexandre, do 33º Batalhão, que apontou também o risco da disseminação de informações falsas e de conteúdos relacionados aos ataques a escolas. “Quando compartilhamos essas informações acabamos dando mais visibilidade, que é o que essas pessoas querem. Existe um efeito contágio que precisa ser evitado”, explica o oficial PM.
Os planos de ação emergencial para as escolas devem conter instruções para situações de risco e incluem sinalização de rotas de fuga, o acionamento imediato das forças segurança e outras medidas que possam salvar vidas, como o treinamento sobre como agir diante de situações de emergência.
IFPA adota medidas para reforçar segurança
O IFPA campus Bragança adotou medidas imediatas de reforço da segurança. Em reunião na segunda-feira (10), a direção do campus orientou os seguranças e as equipes de apoio operacional sobre novas rotinas principalmente nos momentos de maior fluxo nas portarias, na entrada e saída de turnos. Também foram estabelecidas novas rotinas para a equipe de vigilância que atua dentro do campus, que passará a circular pelos blocos de laboratórios e salas de aula, além dos postos fixos de vigilância.
A direção do IFPA campus Bragança solicitou ao comando da PM a intensificação das rondas nos acessos ao campus, sobretudo no turno da noite. E convocará os servidores para debater junto à comunidade escolar ações preventivas. “Todo ajuste em nossas rotinas que visem a minimizar os riscos são importantes, mas não devemos perder de vista que só com conscientização e respeito poderemos vencer essa onda de ódio que vem se propagando”, diz Maurício Quadros, diretor administrativo do IFPA campus Bragança.
Polícia Civil investiga mensagens com ameaças
Circularam desde o fim de semana em grupos de WhatsApp de Bragança mensagens em perfis falsos com ameaças de ataques a duas escolas estaduais da região. O compartilhamento das mensagens gerou temor entre pais de alunos e professores e motivou a suspensão de atividades em algumas unidades.
A delegada da Polícia Civil Thais Estevez explicou que apenas uma denúncia chegou até a Delegacia de Bragança - e já está sendo apurada. A delegada também apontou a dificuldade em rastrear a origem das mensagens após a disseminação indiscriminada de seus conteúdos em grupos. “Quando chega até nós, os perfis já foram desativados”, explica a delegada. “Por isso orientamos que ao receber esse tipo de conteúdo, que você encaminhe para a autoridade policial imediatamente”.
Ações precisam mobilizar escolas, pais e outras instituições
A professora Danivia Celeste, diretora da Escola Estadual Yolanda Chaves, ressalta que medidas de segurança são importantes, mas não as únicas para conter a violência. “Existe um contexto bem maior do que apenas as medidas emergenciais. Isso não é um problema só da escola, é também da família, é da assistência social, da saúde”, afirmou durante a reunião.
Eulina Rabelo, diretora da 1ª Unidade Regional de Educação (URE), também participou do encontro e destacou a necessidade de ampliar o atendimento psicossocial nas escolas da rede. Eulina anunciou durante o encontro com diretores que a 1ª URE deve ser atendida com a contratação de psicólogos e assistentes sociais anunciadas pela Secretaria de Estado de Educação no começo do mês. “Hoje nós temos apenas uma psicóloga na 1ª URE para atender todos os municípios da nossa região. O secretário (de Educação) está contratando mais de 50 psicólogos e 50 assistentes sociais, e as escolas de Braganca serão contempladas”. Eulina também enfatizou a necessidade de aproximar as famílias e as comunidades das escolas por meio de projetos e ações como palestras e instalação de clubes e grêmios estudantis. “A polícia cuida da contenção, mas nós cuidamos da prevenção”, disse.
Durante o encontro, o novo secretário municipal de Educação de Bragança, Alcides Rufino Neto, anunciou que a Prefeitura fará a compra de 200 detectores de metal. O secretário também se comprometeu a retomar parceria com a PM de Bragança para atividades do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e se empenhará na elaboração de um modelo de plano de ação emergencial para as escolas municipais.
Além de diretores e coordenadores de escolas estaduais e municipais, o encontro no IFPA reuniu gestores das escolas particulares de Bragança, que também vão compor a rede de proteção escolar criada a partir do encontro.
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