Os primeiros morangos cultivados no Campo Experimental do IFPA campus Bragança

O clima ameno do chamado inverno amazônico, quando as chuvas são mais intensas e as temperaturas, mais baixas, tem contribuído para os bons resultados de um projeto de pesquisa desenvolvido por uma estudante do Instituto Federal do Pará em Bragança, nordeste do Pará.

Os primeiros morangos cultivados no Campo Experimental do IFPA campus Bragança estão perto de ser colhidos. O experimento é desenvolvido pela aluna de Agroecologia Cleide Feitosa, sob a orientação da professora Silvana Santos.

Os morangos de Bragança foram cultivados em composto orgânico produzido no próprio campus. E plantados em um sistema auto-irrigável de baixo custo, confeccionado com garrafas PET, barbante e canos de PVC - o mesmo que também é utilizado em outros experimentos no campus, para a produção de alface e pimentão.

O projeto dos morangos foi iniciado em 2020 e acabou se estendendo durante a pandemia de covid-19. As restrições impostas como medida de segurança no começo da pandemia acabaram adiando algumas etapas da execução da pesquisa, fazendo o experimento coincidir com o início das chuvas na região. Não foi exatamente uma coincidência, explica Cleide Feitosa: “O experimento foi preparado aguardando esse período mais chuvoso mesmo”.

A floração começou nos primeiros dias de abril, quatro meses após o estabelecimento dos blocos que compõem o ensaio experimental. “Provavelmente (a floração foi) induzida pelas condições climáticas, uma vez que a espécie é adaptada a condições de baixa temperatura”, explica a professora Silvana Santos. Os primeiros frutos apareceram na terceira semana do mês e devem estar prontos para serem colhidos em meados de maio.

Pesquisa testa adaptação ao clima e avalia qualidade de compostos orgânicos produzidos no campus

O objetivo da pesquisa com os morangos, como explica a professora Silvana Santos, não é a produção em larga escala do fruto no campus, mas a demonstração de técnicas de horticultura em pequenos espaços. O trabalho verifica o desenvolvimento e a possibilidade de produção do morangueiro em estufa sem controle de temperatura e umidade - e sob condições do clima amazônico.

Em um ano de pesquisa foram produzidas mais de 200 mudas a partir de 4 matrizes, doadas por uma egressa do curso de Agroecologia. Justamente por ter origem em doação, a variedade utilizada no experimento ainda está em fase de identificação pela estudante pesquisadora.

O experimento que segue em desenvolvimento acompanha 48 das mudas produzidas no campus, em um modelo de irrigação automático, em estufa e com sistema de nebulização. Todas as condições são rigorosamente acompanhadas pelas pesquisadoras.

“Nós mantemos plantas matrizes para a produção de mudas (espécie que produz estolhões, para a propagação vegetativa) e nas plantas que compõem o experimento, controlamos a emissão de novas mudas para o fortalecimento da frutificação”, explica a professora Silvana.

Além de testar a adaptação do morango ao clima amazônico, o experimento também servirá para avaliar a qualidade dos compostos orgânicos que são produzidos no campus, em projetos de pesquisa que envolvem alunos de vários cursos e várias formas de cultivo agroecológico. Além de testar a adubação suplementar feita com farinha de ossos, borra de café e cinza de madeira na nutrição das plantas.

O trabalho é desenvolvido no Campo Experimental do IFPA campus Bragança, espaço carinhosamente apelidado de Quintal Agroecológico, que abriga atividades experimentais dos cursos ligados ao campo, experimentos de cultivo orgânico de hortaliças e frutas e o desenvolvimento e aprimoramento de técnicas de plantio e adubação.