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Paneiro do Mangal: estudantes e professores participam de mutirão na comunidade do Tamatateua, em Bragança (PA)

Grupo ajudou a construir horta no quintal de uma das mulheres que atuam no projeto "Paneiro do Mangal". Venda de produtos orgânicos incrementa a renda das famílias na região. 

  • Publicado: Quarta, 25 de Agosto de 2021, 18h16
  • Última atualização em Quinta, 23 de Setembro de 2021, 11h48
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Com uma ideia na cabeça, enxadas e muita disposição, alunos e professores do IFPA campus Bragança promoveram um mutirão no quintal da casa de uma das mulheres que participam do projeto de extensão Paneiro do Mangal, na última terça-feira (17). 

O grupo se reuniu para abrir duas leiras para o plantio de hortaliças nos fundos da casa de Luciana Sousa da Silva, moradora do Tamatateua, comunidade a 18 km do centro de Bragança. A horta vai produzir alimento para a família e abastecer os paneiros da comunidade, ajudando a compor a renda das mulheres que fazem parte do projeto.

Professores e alunos botaram a mão na massa: ajuda para abrir leiras mobilizou os voluntários do projeto

Criado em 2020, o “Paneiro do Mangal: fortalecendo a sociobiodiversidade das mulheres extrativistas da Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu” tem entre suas ações o apoio à criação de um negócio coletivo, autogerido, mantido e administrado por um grupo de mulheres do Tamatateua. Elas plantam e colhem nos seus próprios quintais os produtos que são entregues em paneiros aos parceiros do projeto.

Funciona como um serviço por assinatura, em que os assinantes recebem diretamente das hortas, todos os sábados, uma cesta agroecológica com porções do que foi produzido pelo grupo.

São hortaliças, legumes e frutas, plantados de forma orgânica pelas famílias do Tamatateua nos próprios quintais. É de lá que também saem a farinha e os outros alimentos que compõem e agregam valor aos paneiros, como a galinha caipira, as polpas de fruta da estação ou a massa do caranguejo. A coleta do caranguejo, aliás, é uma das atividades mais importantes para a comunidade do Tamatateua, formada por pescadores, tiradores de caranguejo e agricultores.


PaneiroDanielle e Edite Sousa:  a montagem dos paneiros com os itens produzidos na comunidade é feita aos sábados

“O Paneiro não tem clientes. São todos parceiros, pessoas que adquirem os produtos diretamente das mulheres do Tamatateua e que contribuem com a iniciativa desse grupo”, diz o professor Josinaldo Reis, o Tio Bill, do IFPA campus Bragança.

O professor Bill explica que o Paneiro do Mangal é voltado para o fortalecimento da autonomia financeira das mulheres, que muitas vezes acabam dependentes dos maridos ou dedicadas apenas aos trabalhos domésticos e à criação dos filhos. “O projeto Paneiro do Mangal tem essa filosofia, essa ideia de economia solidária e de apoio a esse grupo de mulheres”, explica o professor.

Professor Josinaldo Reis, o Tio Bill: parceria entre instituições fortalece ação coletiva de mulheres do Tamatateua


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Vai pra caixinha: venda dos paneiros ajuda a formar reserva coletiva. Projeto é iniciativa da RARE Brasil. 

Venda de paneiros contribui para poupança coletiva
Montados todos os sábados, os Paneiros do Mangal são entregues na região de Bragança e em Belém. O valor e a composição dos paneiros são estabelecidos pelas mulheres do grupo e variam de acordo com a disponibilidade dos itens: são priorizadas as frutas da estação e respeitados os limites de produção de cada família. As quantidades são generosas e alguns itens são permanentes na lista, como as hortaliças e a autêntica farinha de Bragança.
 
O Paneiro do Mangal é mantido pelo mesmo grupo que integra o Clube da Poupança das mulheres do Tamateteua, formado por 14 mulheres, mães e “sócias” do empreendimento. A operação e administração do clube, que funciona como um banco comunitário, e a destinação dos recursos coletivos são definidos em reunião. A última ocorreu no dia 7 agosto. A iniciativa de formação do Clube da Poupança foi incentivada e orientada pela RARE Brasil
 

Clube se reúne uma vez por mês para poupar e debater ações coletivas. Na foto, Daniele Sousa.

Todos os meses, os membros do clube fazem depósitos na poupança, que podem ser sacados em situações de emergência ou ao final do ano. Também é possível fazer pequenos empréstimos, que devem ser aprovados pelo grupo. Toda a movimentação é registrada nas cadernetas de poupança do grupo, mantidas num caixa de metal trancada a cadeado que só é aberta nas reuniões mensais. 

"A gente tá aprendendo a guardar", diz Edite Sousa. "O clube funciona como uma reserva compartilhada das mulheres. Nós estamos poupando as nossas economias, do nosso trabalho, do nosso Paneiro do Mangal. A gente tá vendendo e depositando pra no final do ano ter um recurso pra comprar algo que a gente queira, pra reforma da casa, pra realizar um sonho ou comprar um sapato. Pra gente não gastar todo o dinheiro de uma vez só, a gente tá aprendendo a guardar". 

Paneiro cheio vai da horta para a cozinha dos parceiros, apoiadores que adquirem os produtos

Além dos depósitos nas cadernetas pessoais, o grupo de mulheres mantém um fundo coletivo, destinado a ações na própria comunidade, definidas também nas reuniões. De forma complementar, o fundo recebe recursos dos eventos organizados pelo grupo, como rifas e bingos.

“O intuito do grupo é fazer com que essas mulheres comecem a poupar. Mas pra que poupar? Para que no futuro elas tenham uma reserva de emergência, uma reserva pra comprar algo que precisem. E tem dado certo!”, explica Danielle Sousa, mãe, estudante do curso de Agroecologia do IFPA que atualmente é a coordenadora do grupo. “O clube veio a funcionar como uma educação financeira. Porque nós, como mulheres e mães donas de casa, que gerenciamos as nossas despesas do dia a dia, sabemos como é difícil guardar dinheiro em casa. E o clube veio a ajudar essas mulheres a ter essa consciência de ter e manter essa reserva. Tem dado certo: as mulheres continuam poupando”, diz Danielle.

Oficina de diversificação de produção culminou com trabalho na horta e almoço no quintal da dona Luciana

Horta é resultado de oficina de diversificação de produção

O mutirão realizado no dia 17 de agosto foi a culminância de uma oficina de diversificação da produção dos quintais de membros do coletivo de mulheres do Tamatateua. Além dos dois bolsistas e dos outros participantes do projeto, o mutirão contou com o apoio de servidores, professores e alunos do curso de Gestão Ambiental, da Licenciatura em Geografia e da Licenciatura em Educação do Campo.

Contribuir com a diversificação da produção e estabelecimento de práticas mais rentáveis do ponto vista econômico e ecológico é uma das metas do projeto Paneiro do Mangal, que conta com a colaboração de vários professores do IFPA campus Bragança.

Mão na terra: projeto aproxima alunos do IFPA campus Bragança das comunidades

“A gente consegue perceber o potencial deste projeto para o incremento de renda das famílias”, diz o professor Arthur Boscariol, da Geografia, que arregaçou as mangas para ajudar na abertura das leiras. O professor Thiago Gonçalves, da Educação do Campo, destacou a aproximação que o projeto proporciona: “Foi uma experiência muito enriquecedora. A gente acaba aprendendo muita coisa com o pessoal da comunidade. Isso aumenta muito as nossas perspectivas de entendimento das pessoas e da vida das pessoas. Muito legal”.

“Acreditamos que com estas ações coletivas possamos fortalecer os laços solidários dos comunitários, contribuindo com o processo de transição agroecológica, além de ajudar na diversificação das hortas e dos quintais produtivos das famílias envolvidas no projeto. Mostrando que a extensão é capaz estreitar laços entre a comunidade e a academia”, ressaltou o professor Josinaldo Reis.

O Paneiro do Mangal é mantido pelo coletivo de mulheres da comunidade do Tamatateua e apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal do Pará (IFPA), sob coordenação do professor Josinaldo Reis. A iniciativa conta com uma rede colaborativa de instituições compostas pela RARE Brasil, Instituto Nova Amazônia (INÃ), Instituto Federal do Pará campus Bragança, o grupo de Estudos Socioambientais Costeiros (ESAC) e o Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão Pesqueira de Comunidades Amazônicas (Labpexca) da Universidade Federal do Pará (UFPA campus Bragança).

Quer se tornar um parceiro do Paneiro do Mangal ou receber os paneiros em casa? Siga o projeto Paneiro do Mangal na internet: instagram.com/paneirodomangal

 

Conteúdo multimídia

 
 

Sobre

Este conteúdo foi produzido no contexto do projeto de extensão Paneiro do Mangal, aprovado no edital ProExtensão 2021, da Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal do Pará. Saiba mais em braganca.ifpa.edu.br. 

Texto Filipe Sanches (filipe.sanches@ifpa.edu.br)
Fotos Pedro Tobias (tobias.almeida@ifpa.edu.br)

Para mais informações, acesse
braganca.ifpa.edu.br


Não sabe o que é uma leira? 
Leira é uma forma de preparar a terra para o plantio de hortaliças e ervas: uma porção de terra é revirada e descompactada, para ficar ligeiramente elevada do nível do solo. Também costuma-se adubar, formando um canteiro fértil para o cultivo.

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